PRECIPÍCIO DE LUZES
Precipício de luzes é o título de um livro que editei, que se encontra à venda nas livrarias Bertrand, e, do qual, vou aqui deixar alguns poemas. Não irei transpor todo o livro para esta plataforma, irei seleccionar alguns de cada capítulo, que identificarei também, como sub-título, nesta página. A maioria destes poemas que compõem este livro, são muito antigos, alguns eu escrevi na adolescência, outros um pouco mais tarde, mas em geral, têm todos muito tempo. Os poemas curtos, são em regra, aproveitamentos de textos falhados, ou seja, dos quais eu não gostei inteiramente, mas gostava da ideia dessas duas ou três linhas,e, decidi aproveitá-las, surgindo assim pequenos poemas, que, desta forma, têm mais impacto, que perdidos no meio de um texto não conseguido.
mergulho
convidei-te para ir à praia:
- vamos dar um mergU
Uma boa ideia n
Unca vem só. An
Uncia-se fulg
Urante na certeza abso
Luta da visão maravil
Hosa do teu c
Orpo
paisagem allen
num minuto estava
em nova york
num minuto estava
nova york em mim
e as estrelas não
fizeram falta para nada
esquecimento e dúvida na realidade urbana
só agora me lembrei
que me esqueci
de pôr moedas no parquímetro
será que ainda tenho pernas
para chegar ao ninho
o polícia foi muito simpático
fez o favor de nem sequer
aparecer
LUZ ESQUECIDA
mandei-lhe uma boca
mandei-lhe uma boca
esperei o efeito
ele disse-me que o mundo não tem defeito
todos somos políticos
ou politizáveis
mas tu não pensas que és melhor que os outros?
sejamos razoáveis
todos pensamos o mesmo
somos críticos e criticados
ninguém é Deus
e ninguém gosta de dizer (aDeus)
os seus maiores pecados
hoje em dia só a ignorância permite
a felicidade
de resto quem responde aos apelos do mundo
mandei-lhe uma boca
ele nem refletiu
falou nos Curdos e disse que não há nada a fazer
somos todos cegos
somos todos surdos
mas obviamente porque queremos ser
actualmente ninguém é grande
nem Ghandi
todas as modas passam - tudo passa
e de novo o amor surgirá
falta aprender
a encontrar o sorriso no tempo
e deixar o tempo onde está
os políticos que nunca se entenderam
parecem gostar
de ver o sofrimento das crianças por esse mundo fora
todos os males são necessários
vamos tomar uns copos
e esperar os efeitos secundários
IMAGENS
nas veias dos jornais
nas veias dos jornais
o sangue dos infelizes
e o das pessoas sensacionais
corre para as nossas mãos
é assim que todos somos irmãos
nas veias dos jornais
o sangue dos bisturis
e o sangue dos punhais
nos dois sentidos da vida
vida desprezada depois de lida
desprezamos revoluções
timor, mandela, solidariedade
rasgamos a economia das nações
recordes, multinacionais
amarrotamos religiões
mísseis e publicidade
deitamos no lixo multidões
porcelana
olhai como na porcelana se eternizam as flores
os campos de trigo do alentejo
os trajes das camponesas que há muito não vejo
e cores que a terra não tem
olhai na porcelana as memórias das sementes
lugares de amores secretos
que só os olhos libertos poderão entender
e coisas do teu próprio coração
olhai na porcelana os pássaros fazendo ninhos
nos longos e ternos braços do sol
o saber das mãos humildes erguendo outros minhos
e os sonhos que ainda hás-de ter
fogueira
essa fogueira
conhece os caprichos de meu pensamento
encanta meus olhos com uma dança guerreira
parece brincar
com o resto de uma azinheira
e o vento lá fora sem ter ninguém para acompanhar
passa num assobio
nos dois lados da janela
num constante rodopio
como que a chamar por ela
essa fogueira
que arde e que cura minha solidão
transporta no calor do sonho meu coração
não há sentimentos
nem por ti nem por ninguém
e essa hora resume a essência que a vida tem
as árvores cantam
pelo bico dos pardais
as brasas não queimam
perdem-se num coro de ais
monsaraz aqui
a paisagem, sem legendas, afirma-se claramente alentejana e é por isso mesmo muito bonita. o horizonte parece não ter fim e parece também correr para ti, por te amar loucamente. aldeias brancas, por aqui, por ali, quase iguais e quase diferentes, o guadiana, sentinela e almirante, todo de metal no seu brilho. monsaraz, no alto da colina, exibe a muralha para a planície como que a dizer: vem, eu deixo-me conquistar facilmente. as ruas estreitas são de pedra, mas não da mesma pedra que já havia visto noutras alegrias. tudo é surpreendente; paredes de cal enfeitadas de muitos recuerdos e algumas, se tantas, recordações. o anfiteatro que nos transporta para onde o tempo sobrevive nas páginas de um livro sonhador. a igreja no largo do pelourinho, onde todas as pessoas entravam, umas pela fé, outras pela sombra, (era dia de calor) mas todas elas ficavam surpreendidas com a sua beleza. a beleza é total, por fora e dentro das pedras, talhas douradas, dourados nos campos em redor de monsaraz.
PRECIPÍCIO DE LUZES
boreal
tem dias em que o vento
parece querer mudar tudo de lugar
hoje que eu queria ver a dança do teu cabelo
nem um sopro
as tuas mãos
gosto de como falam as tuas mãos
de como inventam línguas
inventam espaço
com mostram o silêncio
o silêncio é tão bonito
nas tuas mãos
gosto de como seguram o sol e a lua
de como sabem que sol e lua
não se seguram da mesma maneira
como se afastam
e regressam
semeiam estrelas
das estrelas as tuas mãos
regressam
iluminadas
gosto de como sabem ser a moldura dos sonhos
de como sabem ser
na arquitectura da palavra fios de prumo as tuas mãos
soneto incompleto
parece que voa mas é pensamento
parece gaivota mas é mais livre
parece que é mar mas é mais profundo
parece destino mas é a coragem
parece que arde porque já é tarde
parece poema é eugénio de andrade
parece silêncio é o coração
mergulho
convidei-te para ir à praia:
- vamos dar um mergU
Uma boa ideia n
Unca vem só. An
Uncia-se fulg
Urante na certeza abso
Luta da visão maravil
Hosa do teu c
Orpo
universo woody
gosto de rir
sem saber porquê
gosto de saber
porque choro
paisagem allen
num minuto estava
em nova york
num minuto estava
nova york em mim
e as estrelas não
fizeram falta para nada
trilogia da felicidade
felicid
esta casa tem tudo
só não tem felicidade
mas já aprendemos
a viver infelizes
de sorriso aberto
ade
a felicidade não está à venda
mas o dinheiro compra
alguns momentos
que nos obrigam
a sorrir
felicidável
a tua alegria é feita
de vinho
a minha alegria é feita
de uvas
só agora me lembrei
que me esqueci
de pôr moedas no parquímetro
será que ainda tenho pernas
para chegar ao ninho
o polícia foi muito simpático
fez o favor de nem sequer
aparecer
LUZ ESQUECIDA
mandei-lhe uma boca
mandei-lhe uma boca
esperei o efeito
ele disse-me que o mundo não tem defeito
todos somos políticos
ou politizáveis
mas tu não pensas que és melhor que os outros?
sejamos razoáveis
todos pensamos o mesmo
somos críticos e criticados
ninguém é Deus
e ninguém gosta de dizer (aDeus)
os seus maiores pecados
hoje em dia só a ignorância permite
a felicidade
de resto quem responde aos apelos do mundo
mandei-lhe uma boca
ele nem refletiu
falou nos Curdos e disse que não há nada a fazer
somos todos cegos
somos todos surdos
mas obviamente porque queremos ser
actualmente ninguém é grande
nem Ghandi
todas as modas passam - tudo passa
e de novo o amor surgirá
falta aprender
a encontrar o sorriso no tempo
e deixar o tempo onde está
os políticos que nunca se entenderam
parecem gostar
de ver o sofrimento das crianças por esse mundo fora
todos os males são necessários
vamos tomar uns copos
e esperar os efeitos secundários
IMAGENS
nas veias dos jornais
nas veias dos jornais
o sangue dos infelizes
e o das pessoas sensacionais
corre para as nossas mãos
é assim que todos somos irmãos
nas veias dos jornais
o sangue dos bisturis
e o sangue dos punhais
nos dois sentidos da vida
vida desprezada depois de lida
desprezamos revoluções
timor, mandela, solidariedade
rasgamos a economia das nações
recordes, multinacionais
amarrotamos religiões
mísseis e publicidade
deitamos no lixo multidões
porcelana
olhai como na porcelana se eternizam as flores
os campos de trigo do alentejo
os trajes das camponesas que há muito não vejo
e cores que a terra não tem
olhai na porcelana as memórias das sementes
lugares de amores secretos
que só os olhos libertos poderão entender
e coisas do teu próprio coração
olhai na porcelana os pássaros fazendo ninhos
nos longos e ternos braços do sol
o saber das mãos humildes erguendo outros minhos
e os sonhos que ainda hás-de ter
fogueira
essa fogueira
conhece os caprichos de meu pensamento
encanta meus olhos com uma dança guerreira
parece brincar
com o resto de uma azinheira
e o vento lá fora sem ter ninguém para acompanhar
passa num assobio
nos dois lados da janela
num constante rodopio
como que a chamar por ela
essa fogueira
que arde e que cura minha solidão
transporta no calor do sonho meu coração
não há sentimentos
nem por ti nem por ninguém
e essa hora resume a essência que a vida tem
as árvores cantam
pelo bico dos pardais
as brasas não queimam
perdem-se num coro de ais
monsaraz aqui
a paisagem, sem legendas, afirma-se claramente alentejana e é por isso mesmo muito bonita. o horizonte parece não ter fim e parece também correr para ti, por te amar loucamente. aldeias brancas, por aqui, por ali, quase iguais e quase diferentes, o guadiana, sentinela e almirante, todo de metal no seu brilho. monsaraz, no alto da colina, exibe a muralha para a planície como que a dizer: vem, eu deixo-me conquistar facilmente. as ruas estreitas são de pedra, mas não da mesma pedra que já havia visto noutras alegrias. tudo é surpreendente; paredes de cal enfeitadas de muitos recuerdos e algumas, se tantas, recordações. o anfiteatro que nos transporta para onde o tempo sobrevive nas páginas de um livro sonhador. a igreja no largo do pelourinho, onde todas as pessoas entravam, umas pela fé, outras pela sombra, (era dia de calor) mas todas elas ficavam surpreendidas com a sua beleza. a beleza é total, por fora e dentro das pedras, talhas douradas, dourados nos campos em redor de monsaraz.
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